terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Como colaboramos para aumentar o desemprego em momentos de crise

Abrir os jornais ou entrar em portais de notícias diariamente é, como se você abrisse o caderno policial, só tem tragédia. As manchetes sempre destacam a crise e sua onda de desemprego. - Empresa “x” demite 20 mil, empresa “y” demite 40 mil, e assim segue a competição. E me parece exatamente isto, uma competição para quem demite mais.

A questão maior é, quanto os colaboradores de uma empresa que passa por um momento de dificuldade agem de forma a piorar a situação.

É impressionante, como as pessoas não pensam que ao ajudar a destruir uma empresa, automaticamente podem estar colocando no mercado milhares de currículos iguais ou melhores que o dela.

Ao invés de tentar ajudar a empresa a mudar, a voltar aos trilhos, a se reinventar, jogam o pior dos jogos: isto não é problema meu. Claro que é! Cada um é responsável pelo emprego do outro. Quando uma empresa enfrenta ou não dificuldades, cada um que não dá o seu melhor, está de alguma forma lesando os seus companheiros de trabalho.

Se você não gosta da empresa, simplesmente saia. Dê a oportunidade para outros milhares que estão esperando a oportunidade de ouro de uma vaga.

– Mas eu ganho, mal... Estude, faça cursos, se aperfeiçoe. Se a empresa onde você está não te valoriza, valorize-se! Procure novas oportunidades.

Vou citar um exemplo de uma empresa com aproximadamente 7 mil funcionários que passa por um momento delicado. Não vou julgar os motivos pelo qual esta empresa chegou neste estágio, mas sim, o comportamento de seus colaboradores, para dar vida ao que relatei acima.

Salários atrasados, funcionários que saem e não recebem e etc, para citar o que mais mexe com nosso comportamento. E como mexe! Pois temos contas para pagar e nossos credores não querem saber se a empresa que trabalhamos passa por dificuldades, temos filhos para alimentar, pois eles não tem culpa dos problemas financeiros que passa a empresa em que você trabalha... e outros motivos mais que quem passa ou já passou sabe exatamente o que estou dizendo.

O que questiono é, adianta alguma coisa ficar gritando aos quatro ventos, para os clientes desta empresa e para o mercado que ela atua, que ela não te paga ou atrasa seu salário? Você até pode pensar que gritando, conseguirá novos adeptos e assim a força será melhor, e com certeza o será. Mas é justo para aqueles que ainda acreditam na empresa e que querem fazê-la se reerguer e conquistar seu espaço? Eu diria que não. Já vi várias empresas saírem do buraco e tornarem-se muito mais forte do que eram. É o poder e a força das pessoas, da fé, da crença que as coisas podem mudar e ser diferente.

Ao invés de um grupo de 20 ou 50 pessoas em um universo de milhares, fazer um arrastão em nome da moral e na busca de seus direitos que os considero legítimos, façam uma comissão, discutam com seus administradores, entre na justiça se for o caso, mas dêem a oportunidade da empresa te pagar e de seus colegas que querem continuar de ter uma oportunidade melhor.

Já ouvi falar de casos em que para piorar a situação o pessoal de vendas prometia coisas que não faziam parte do produto, só para onerar ainda mais a empresa. O dinheiro que ela iria buscar para pagar os salários atrasados, agora tem que ser revertido para pagamento de prejuízos junto aos clientes. Qual a lógica disto! É burrice pura.

Pensem nisto, antes de falar mal da empresa em que você trabalha. Você pode estar junto com milhares de pessoas que você ajudou a colocar no mercado para concorrer com você.

Ademir Simão
Diretor de Novos Negócios da BWK | Digital Business