terça-feira, 27 de março de 2007

Cronologia da Decisão

No artigo anterior dei um pincelada no tema Decisão, e vi que o assunto tem algumas nuances que precisam ser melhores entendidas e somente a história nos faz enxergar no espelho do passado a imagem refletida do futuro. Agradeço a minha amiga Elaine Catardo que deixou uma mensagem no blog sugerindo um livro sobre o tema decisão: BLINK - A Decisão num Piscar de Olhos!

Para aqueles que se interessarem e querem se aprofundar a sinopse do livro é:
O título 'Blink - A decisão num piscar de olhos' pode sugerir algum tratado de auto-ajuda, mas na verdade, o livro analisa a importância do que chamamos de intuição. Trata das decisões instantâneas da parte do nosso cérebro conhecida como 'inconsciente adaptável', capaz de realizar raciocínios imediatos e chegar a conclusões antes que tomemos noção consciente do que está acontecendo. O livro explica como funciona esse processo mental e mostra mais exemplos de situações relativas a ele. Como conclusão, Gladwell defende a importância dos dois primeiros segundos em que o ser humano reage a uma situação. 'Blink' trata a intuição como importante ferramenta de decisão, um diferencial que deve ser cada vez mais valorizado no mercado de trabalho e na vida pessoal.

Entendo a evolução das decisões:


1620: Francis Bacon afirma a superioridade do raciocínio indutivo na investigação científica.

1641: René Descartes propõe que a razão é superior á experiência na obtenção do conhecimento e estabelece o arcabouço para o método cientifico.

1654: Incentivados pelas dúvidas de um jogador profissional sobre o “problema do pontos”, Blaise Pascal e Pierre de Fermat formulam o conceito de cálculo de probabilidades para eventos aleatórios.

1660: A aposta de Pascal na existência de Deus mostra que o tomador de decisão as conseqüências do erro, e não a probabilidade de errar, podem ser de suma importância.

1738: Daniel Bernoulli assenta as bases da ciência do risco ao examinar eventos aleatórios do ponto de vista de quanto um indivíduo deseja, ou teme, cada resultado possível.

Século 19: Carl Friedrich Gauss estuda a curva do sino, antes descrita por Abraham de Moivre, e cria uma estrutura para a compreensão da ocorrência de eventos aleatórios.

1880: Oliver Wendell Holmes, numa série de palestras mais tarde publicadas sob o título The Common Law, afirma que “a vida da lei não é a lógica, mas a experiência”. Um juiz, diz, deve basear suas decisões não só nos estatutos da lei, mas no bom senso de membros (...) da comunidade.

1886: Francis Galton descobre que, embora os valores num processo aleatório possam se afastar da média, sua tendência com o tempo é voltar a ela. Seu conceito de regressão à média vai influenciar a análise de investimentos e negócios.

1900: Estudos de Sigmund Freud sobre o inconsciente sugerem que atos e decisões do individuo muitas vezes são influenciados por causas ocultas na mente.

1907: O economista Irving Fisher apresenta o valor presente líquido como ferramenta de tomada de decisão, propondo o desconto do fluxo de caixa projetado a uma taxa que reflita o risco do investimento.

1921: Frank Knight distingue o risco (no qual é possível saber a probabilidade de um resultado e, portanto, buscar proteção) da incerteza (quando é impossível saber a probabilidade de um desfecho).

1938: Chester Barnard distingue a tomada de decisão pessoal da organizacional para explicar por que certos funcionários agem com o interesse da empresa, e não o próprio, em mente.

1944: Num livro sobre a teoria dos jogos, John Von Neumann e Oskar Morgenstern descrevem uma base matemática para a tomada de decisões econômicas: assim como a maioria dos teóricos até ali, julgam que o tomador de decisão é racional e coerente.

1946: A Alabe Crafts Company, de Cincinnati, lança a Magic 8 Ball.

1947: Rejeitando a noção clássica de que quem toma decisões age com perfeita racionalidade, Herbert Simon diz que, devido ao custo de reunir informações, o executivo toma decisões com uma “racionalidade limitada”, contentando-se com decisões “boas o bastante”.

1948: O projeto RAND (contração de “research and development”) é separado da Douglas Aircraft e vira um centro de estudos sem fins lucrativos. Tomadores de decisão usam as análises do centro para elaborar políticas sobre educação pobreza, crime, meio ambiente e segurança nacional.

1950: Pesquisas realizadas no Carnegie Institute of Technology e no MIT vão levar ao surgimento das primeiras ferramentas informatizadas de apoio à decisão.

1951: Kenneth Arrow apresenta o teorema da impossibilidade, segundo o qual não há um conjunto de regras para a tomada de decisão social que preencha todos os requisitos da sociedade.

1952: Harry Markowitz demonstra matematicamente como montar carteiras diversificadas de ações para obter retornos consistentes.

Década de 1960: Edmund Learned, C. Roland Christensen, Kenneth Andrews e outros desenvolvem o modelo de análise SWOT (vantagens, desvantagens, oportunidades e ameaças, na sigla em inglês), para a tomada de decisão em prazos curtos e circunstâncias complexas.

1961: A expressão “Catch 22”, do romance de Joseph Heller, vira sinônimo, em inglês, do circulo ilógico da burocracia, que impede a boa tomada de decisão.

1965: Empresas usam o System 360 da IBM para implementar sistemas de informação de Gestão. Roger Wolcott Sperry inicia a publicação de estudos sobre a especialização funcional dos dois hemisférios do cérebro.

1966: Nasce a expressão “opção nuclear” ligada ao desenvolvimento de armas nucleares atômicas e mais tarde usada para descrever a escolha da rota de ação mais drástica.

1968: Howard Raiffa explica, no livro Decision Analysis, muitas técnicas fundamentais, incluindo arvores de decisão e o valor esperado da informação de amostra (em contraste com a informação perfeita).

1970: John D.C. Little desenvolve a teoria fundamental de sistemas de apoio à decisão e aumenta a capacidade destes.

1972: Irving Janis cunha o termo “groupthink” para a tomada de decisão falha que prioriza o consenso em detrimento do melhor resultado. Michael Cohen, James March e Johan Olsen publicam “A Garbage Can Model of Organizational Choice”, sugerindo que a empresa revire sua “lixeira de informações” atrás de soluções que foram para no lixo por falta de um problema.

1973: Fischer Black e Myron Scholes (numa tese) e Robert Merton (em outra) mostram como avaliar com precisão opções de ações, deflagrando uma revolução na gestão de risco. Henry Mintzberg descreve vários tipos de tomador de decisão e situa o processo decisório no contexto maior da atividade gestora. Victor Vroom e Philip Yetton criam o modelo Vroom-Yetton, que explica como diferentes estilos de liderança podem ser usados para resolver diferentes tipos de problemas.

1979: Amos Tversky e Daniel Kahneman publicam a teoria do prospecto, que demonstra que o modelo econômico racional não é capaz de descrever como alguém toma decisões diante das incertezas da vida real. John Rockart trata das necessidades de dados de executivos, levando ao desenvolvimento de sistemas de informação para gestores.

Década de 1980: A famosa frase “Ninguém nunca foi demitido por comprar um IBM” simboliza decisões motivadas primordialmente pela segurança.

1984: W. Carl Kester promove o conceito de opções reais ao sugerir que o gestor pense em oportunidades de investimento como opções sobre o futuro crescimento da empresa. Daniel Isenberg explica que o executivo costuma combinar planejamento rigoroso com intuição quando o grau de incerteza é elevado.

1989: Howard Dresner apresena o termo “Business Intelligence” para descrever uma série de métodos de apoio a um processo decisório analítico sofisticado voltado a melhorar o desempenho da empresa.

1992: Max Bazerman e Margaret Neale fazem conexão entre estudos sobre decisões comportamentais e negociações no livro Negociando Racionalmente.

1995: Anthony Greenwald cria o teste de associação implícita para revelar atitudes ou crenças inconscientes capazes de influenciar o julgamento.

1996: Usuários da Internet passam a decidir o que comprar com base no que já foi adquirido por indivíduos similares.

2005: Em Blink, Malcolm Gladwell explora a tese de que decisões instantâneas são, às vezes, melhores do que as fundadas em longas análises racionais.

*Cronologia extraída da Harvard Business Review.

Que nesta semana que está por vir, você tenha muitas decisões, e que a maioria delas sejam acertadas e com muitos resultados positivos.

Sucesso à todos e boa semana.

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi Dema!
Quanto tempo eu não te vejo. Tô com saudades.
Amigo quantas coisas legais você tem propiciado. Tenho aprendido muito. Valeu mesmo. Por mais que hoje a informação esteja fácil, filtrar e garimpar é um trabalho para poucos. Não tenha dúvida que tem sido muito útil. Passei seu blog para um amigo e ele viu o vídeo do Segredo. Ele falou que usou os príncipios e deu muito certo. Virou seu fã.
Um beijão

Anônimo disse...

Ademir,

Gostei muito do texto sobre decisão, algo que fazemos a todo momento.